terça-feira, 26 de janeiro de 2010

REVIEW - CD MALLU MAGALHÃES

Basta ouvir os primeiros acordes do piano de “My Home Is My Man”, faixa de abertura do novo CD de Mallu Magalhães (que, assim como o primeiro, leva o nome da cantora), para ver que há algo de diferente no reino da Dinamarca.


Da estreia na internet com o hit “Tchubaruba”, muita coisa mudou em Mallu Magalhães.

Se em seu primeiro álbum, 12 das 14 faixas tinha letra em inglês, nesse novo trabalho, 6 das 13 músicas são cantadas em português, o que revela um acerto na condução de sua carreira. E mesmo as canções em inglês são mais encorpadas e originais do que no disco de estreia. As em português, então, nem se fala. Mallu Magalhães deu um “upgrade” de respeito.

Se Bob Dylan e Johnny Cash continuam a ser grandes (e respeitadas) influências, como pode ser verificado em faixas como a delicada “Make It Easy”, as country “Ricardo” e “You Ain’t Gonna Lose You” e a “cool” “Soul Mate”, Mallu Magalhães abre o seu leque, inclusive mostrando que aprendeu um pouco da nossa Música Popular, como na experimental e tropicalista – até no título – “O Herói, o Marginal”, e no “samba indie” “Versinho de Número Um”, que conta com uma letra, no mínimo, fofa: “Fiz esse versinho pra dizer / Por mais que vasta a rima for / Não cabe ao verso o meu amor”.

Ecos Tropicalistas também estão bem nítidos em “Compromisso” (“É tanto compromisso / Obrigação e sacrifício / Qu’eu vivo aqui no vício / De pensar em ti”), com a sua batida no estilo “banda militar” e uma guitarrinha de Kadu Abecassis a la Lanny Gordin. Mais experimental ainda é “Bee On The Grass” – será que Mallu andou descobrindo Tom Zé? – que ganhou a adesão de Kassin na guitarra cítara.

A importância da (sempre) ótima produção de Kassin também pode ser conferida na valsinha “Te Acho Tão Bonito”. Uma forma de soar tatibitate e original ao mesmo tempo – se é que isso é possível. Já é “Você Quem Tem” segue o mesmo estilo da anterior, mas escorrega no excesso de cordas do arranjo criado por Felipe Pinaud.

O contrário ocorre no ótimo reggae “Shine Yellow”, com um bom arranjo de sopros do mesmo Pinaud, no melhor estilo Los Hermanos. Vale citar que tal faixa conta com a participação especial de Marcelo Camelo, que, aliás, aparece em outras canções do disco, como “Bee On The Grass”, “Make It Easy” e “Compromisso”. Mesmo não participando de “Nem Fé Nem Santo”, é possível ouvir uma Mallu Magalhães fortemente inspirada no modo de cantar de seu namorado.

Encerrei a resenha do disco de estreia de Mallu Magalhães, da seguinte forma: “Se a cantora é realmente o gênio que muita gente insiste em dizer (ou se vai durar apenas um verão), só o tempo vai dizer”. Talvez Mallu ainda não tenha provado – e nem teve tempo, é verdade – que é um gênio (e isso também é o que menos importa).

Mas já fica a certeza de que ela está presente em mais um verão. E, pelo jeito, vai durar muitos outros. A julgar por esse seu segundo trabalho, com todo o merecimento.

Nota: ★★★½☆

Assista logo abaixo ao vídeo da ótima “My Home is my Man”, gravada ao vivo no programa Canja, da TV IG.

http://www.youtube.com/watch?v=SkbVS6u0KY4