quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Mallu Magalhães lança o segundo CD aos 17 anos - Divirta-se

Com a mesma voz e menos traços infanto-juvenis, Cantora e compositora, que estreia na Sony Music, explora mais as letras em português
Mariana Peixoto - EM Cultura



O que você estava fazendo aos 13 anos? Dificilmente o mesmo que Mallu Magalhães. Como estudava o Tropicalismo na época, inspirada pela obra de Hélio Oiticica, compôs a canção O herói, o marginal. Ela mesma conta, essa é uma das poucas músicas antigas de seu autointitulado segundo álbum. E “antigo”, para a cantora e compositora, tem outra conotação. Pode ser algo de dois, três anos atrás.

Veja mais fotos de Mallu Magalhães

O tempo parece realmente correr diferentemente para Mallu. Há um ano e meio, era um nome em ascensão na famigerada geração Myspace. Já no início deste ano, depois de superexposição, virou piada na internet graças a respostas tatibitate na televisão.

E o que Mallu tem a dizer? “Aprendi que eu sou eu”, afirma hoje, aos 17 anos (sim, até Mallu Magalhães “envelhece”). A segurança adquirida pelo turbilhão do último ano e meio está explícita em seu segundo álbum. Ainda é a mesma voz, que ora ronronra, ora suspira. Mas os traços infanto-juvenis se amenizaram e o mais importante: há uma diversidade maior de gêneros e ela explora melhor as letras em português (das 13 canções, sete são na língua natal e seis em inglês). Deixou de ser apenas fofinha para mostrar que tem estofo para navegar por outras praias.

A produção é de Kassin, quase uma unanimidade na música contemporânea brasileira (assinou trabalhos de Caetano Veloso e Los Hermanos, por exemplo, influências explícitas de Mallu). A banda é a mesma que a acompanha desde os tempos de Myspace, porém as gravações contaram com alguns acréscimos: o baterista Maurício Takara, que hoje acompanha Marcelo Camelo, gravou em cinco faixas; Felipe Pinaud, da Orquestra Imperial, assinou os arranjos de cordas de outras três; e uma banda nova, Jennifer Lo-Fi, de amigos da própria Mallu, produziu com ela a última faixa, a supracitada O herói, o marginal.

Mallu Magalhães, o disco, também marca a estreia da cantora na Sony Music. Para um nome nascido na internet e que lançou do primeiro álbum em parceria com uma operadora de telefonia móvel, é uma mudança e tanto. “Na verdade, fiz um esquema um pouco diferente. Primeiro gravei o CD e depois negociei com eles. Eles ficam com a cobertura de rádio e a distribuição, o que é muito melhor, pois preciso de uma instituição do tamanho da Sony.”

Sobre a diversidade – Shine yellow é um reggae ensolarado; É você que tem, uma valsa; Bee on the grass é pura psicodelia – Mallu diz que se deve a novas descobertas. “Estou ouvindo muito Chico, Nara Leão, Caymmi e Noel Rosa, que não conhecia, além da turma do Tom Jobim.” Dylan, Cash e Beatles, as referências primeiras, continuam sendo a base da sonoridade da garota, que, mesmo com a abertura, não abandonou o folk (Nem fé nem santo e Make it easy são dessa safra).

As letras em português, de acordo com ela, hoje fluem mais facilmente. “Antes eu tinha um bloqueio, tive que me libertar. De alguma maneira, me sentia melhor cantando em inglês. Hoje, não.”

No último ano, Mallu também ganhou destaque em sites de fofoca graças ao namoro com Marcelo Camelo, que, pelo que se vê no disco, vem muito bem, obrigado. Camelo aparece no álbum de maneira discreta, fazendo alguns vocais e assobios. “Para fazer os coros, a gente chamou quem estava por perto, amigos e namorados.”

Não há como negar que uma canção do disco, Versinho de número um, é puro Los Hermanos. Há poucos meses o casal fez seu primeiro show, para uma festa da revista Rolling Stone. “Já que existe o show, vamos ver se há demanda. Vontade tenho, mas temos que ver as agendas”, conclui.