
Ela foi alçada diretamente da internet para os principais programas da televisão brasileira. Das gravações caseiras, passou a se apresentar e a ser entrevistada ao vivo perante o julgamento de milhões de brasileiros. Aos 17 anos, a paulistana Mallu Magalhães lança o seu segundo CD e diz já estar acostumada com as perguntas e críticas do público e dos jornalistas. Consagrada pelo estilo folk, em seu novo disco ela se aventura em músicas cantadas em português (parte delas), pegada roqueira que lembra o tropicalismo e até numa levada reggae. Em mudança constante, Mallu mostra que não só sua sonoridade mudou, mas também suas opiniões. Agora ela se interessa por música brasileira e trocou o trabalho de ser artista independente pela segurança de uma gravadora como a Sony. Falante, bem diferente do que parece ser na TV, ela conversou com Época São Paulo, respondeu perguntas de fãs e improvisou uma música.
O que mudou desde o lançamento do primeiro disco? Houve uma sensação de mais experiência. Eu sei que um ano é pouco tempo, mas são tantas coisas novas que cada show, cada perrengue, cada acerto e cada tropeço sempre contam muito pra mim. Pude aprender muito nesse tempo. Dessa vez, tive um pouco mais de preparação para fazer álbum. No primeiro, a gente só chegou no estúdio e gravou - agora fizemos uma pré-produção. Eu já imaginava que o produtor ideal seria o Kassin, por ser fã de Acabou La Tequila, Kassin +2 e da obra dele como produtor. Ele teria experiência e conhecimento suficientes para poder lidar com as duas faces: a em português e a em inglês. E teria condições de conhecer todas as referências que eu tenho.
Trabalhar com ele foi como você esperava?
A gente se deu super bem, viramos amigos. Isso também é muito gratificante, encontrar alguém com quem você tem valores morais semelhantes.
Qual foi a principal diferença entre trabalhar com o Mario Caldato e com o Kassin?
O Mario pegou um disco que já estava quase pronta. A gente já tinha tocado aquele repertório em vários shows, não foi preciso muito tempo de ensaio, nem pré-produção. Ele dava as dicas, os toques. É a mesma sensação que tenho com o Kassin porque eles são muito diretos, pontuais e “matadores”. Por exemplo: tem uma canção que você sente que está quase lá, mas não consegue descobrir o que está faltando. Eles falam: “Coloca o teclado só no segundo verso”. E não é que quando você coloca o teclado no segundo verso a coisa engata?! Essa sensibilidade é capaz de polir a obra como uma coisa inteira. O Mario e o Kassim fazem muito isso. A grande diferença foi o cuidado nos arranjos. O Kassin esteve todos os dias com a gente na produção, desde a manhã até a noite, pensando cada acorde, cada nota. Por isso, ficamos mais íntimos. Ele já conhecia o Marcelo (Camelo) e acabamos ficando amigos.
Por que você colocou apenas 13 músicas no álbum?
Eu tinha outras, mas acho que se o disco fica muito longo, pode soar cansativo. Por isso, procuro encontrar as músicas mais expressivas e características, que imprimam melhor as sensações, os sentimentos e os fatores que me rodeiam naquele momento de composição. O que acontece durante a composição é que eu faço levas de músicas. De vez em quando, uma leva tem quatro muito parecidas, falando do mesmo tema, com acordes e letras semelhantes. Sempre tem uma que diz uma coisa a mais e é mais forte.
Existe algum plano de lançar essas músicas inéditas em breve?
Penso muito na questão das coisas feitas em casa. Acho que é um caminho cada vez mais apetitoso para os artistas. A internet é também um meio de se tornar profissional. Eu pretendo fazer vídeos caseiros ou tocar nos shows. Tem algumas canções gravadas que, por decisão da Sony e do meu empresário, vão ser usadas mais tarde.
Como está a sua relação com a internet hoje?
Na verdade, sou meio lerda para essas coisas. Quando entro em uma página ou em um site, preciso de tempo para ficar lá descobrindo como é aquilo, como fazer, como botar o fundo verde e não azul, como aumentar a letra, esse tipo de coisa. Eu ando sem tempo. Apesar de ser da “geração internet” e de ter utilizado como uma grande aliada, hoje não tenho tanta intimidade como no começo da carreira. Antes eu tinha tempo, agora trabalho, estudo e tenho uma vida pessoal intensa. Mas pretendo fazer isso nessas férias. Vou aprender a mexer no Twitter e no meu site vai ter um blog.
Continue Lendo a Entrevista Clicando Aqui !